História de vida do Paulo Sergio, antes da Associação Mulher Unimed da Baixa Mogiana
Paulinho perdeu a visão aos dez anos de idade e, desde então, enfrentou o mundo com muita coragem. Vindo de uma vida simples, ele buscou apoio quando sua visão se foi, mas o que recebeu foi apenas uma bengala longa de orientação e a instrução básica de movê-lo de um lado para o outro para se proteger de obstáculos. Sem acompanhamento adequado, ele precisou treinar sozinho em casa, aprendendo aos poucos a se locomover com o bastão até se sentir confiante para sair pelas ruas.
Mesmo com todas as dificuldades, Paulinho nunca se deixou vencer pela deficiência. Ele tinha sede de conhecer o mundo — ainda que fosse guiado apenas pelos sons e pelo toque do bastão. Dentro dele, sempre existiu a certeza de que um dia ele alcançaria algo especial.
Com o apoio de um casal também deficiente visual, ele encontrou um centro de apoio onde pôde iniciar sua reabilitação e dar os primeiros passos para retomar a vida. A partir disso, com toda sua força de vontade, ele buscou por cursos, mesmo estando desempregado e sem nenhuma renda. Ele sabia das dificuldades — especialmente no mercado de trabalho, que é tão pouco acessível para pessoas com deficiência visual —, mas não deixou de acreditar que também merecia seu espaço no mundo.
E foi com esse espírito guerreiro, com fé em si mesmo e esforço incansável, que Paulinho conquistou o inimaginável.
A trajetória do Paulinho na AMU é uma verdadeira inspiração. Tudo começou com um convite para participar de um curso de arranjos florais, na inauguração da nova sede da instituição. A partir desse primeiro contato, Paulinho se aproximou da AMU e passou a frequentá-la regularmente, em 2004, quando ainda estava concluindo o ensino médio. Ele encontrou ali não só apoio pedagógico, mas também uma rede de profissionais comprometidos com a inclusão e o desenvolvimento de pessoas com deficiência visual.
Com o tempo, ele participou de projetos pioneiros como o Vida Iluminada e teve papel essencial na implementação do curso de informática acessível com leitor de tela, que antes só era oferecido em cidades distantes. A iniciativa facilitou o acesso ao conhecimento e à tecnologia para outros deficientes visuais da região, tornando-se um marco na história da instituição.
Paulinho começou como voluntário, ensinando informática, e foi tão reconhecido que acabou sendo contratado como funcionário em 2006. Desde então, vem contribuindo ativamente com a formação de muitos alunos, ensinando também o uso de tecnologias móveis e, mais recentemente, assumindo as aulas de Braille após a perda de uma professora muito querida.
Hoje, ele continua na missão de transformar vidas através da educação e da tecnologia, sendo referência de dedicação, superação e amor ao próximo. Sua história se confunde com a da AMU: ambas cresceram juntas e seguem iluminando caminhos.